quarta-feira, 18 de maio de 2011

Pequenos agricultores e assentados fazem marcha e protestam em Porto Alegre


Mais de 3 mil pequenos agricultores da Via Campesina realizaram na manhã desta quarta-feira, 18, uma grande marcha na capital gaúcha. Os trabalhadores do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), que integram a Via Campesina, marcharam pela Av. Borges de Medeiros, no centro de Porto Alegre até o prédio do Ministério da Fazenda. Os pequenos agricultores pretendem ficar no local por tempo indeterminado.
A marcha e a ocupação do pátio do prédio do Ministério da Fazenda é para exigir que o governo federal faça a renegociação das dívidas da agricultura familiar. “O ponto principal desta mobilização passa a ser a questão do endividamento, fundamentalmente com relação ao governo federal porque as dívidas junto ao governo do estado foram anistiadas. Mas isso não significa que não estamos pautando temas que dizem respeito ao governo do estado e que ainda não foram resolvidos”, informa Isaias Vedovatto, do MST. Somente no Rio Grande do Sul, os pequenos agricultores somam R$ 5 bilhões em dívidas vencidas ou que estão por vencer. Já no Brasil, o valor chega a R$ 30 bilhões. A renegociação é fundamental para a continuidade da produção, já que muitos pequenos agricultores e assentados da reforma agrária não conseguem mais acessar crédito devido às dívidas. A situação é preocupante, pois a agricultura familiar é responsável pelo abastecimento interno de alimentos - responde por 70% do alimento da mesa do brasileiro.
Os eventos climáticos como a estiagem, as enxurradas, o granizo, as enchentes e os vendavais resultaram em perdas significativas nas safras plantadas. As causas do endividamento são antigas e refletem os custos de produção muito altos, os preços baixos pagos aos pequenos produtores, secas frequentes, empobrecimento no campo e falta de políticas públicas de comercialização. Enfim, um modelo agrícola equivocado que enriqueceu as indústrias de insumos e agrotóxicos e empobreceu o povo do campo.

Os agricultores e assentados da Reforma Agrária exigem:
- A consolidação em um único contrato das dívidas de custeio e investimento dos camponeses e assentados da Reforma Agrária;
- Alongamento do prazo de pagamento para 15 anos, com 2 anos de carência e juro zero;
- Bônus de adimplência de 30% em cada parcela repactuada;
- Desconto de R$ 12 mil por família, incluindo o crédito emergencial;
- Acesso a novos financiamentos.



Fotos: Leandro Silva
Texto: Bianca Costa

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